quarta-feira, 23 de julho de 2008

A GRAÇA DE DEUS
Parte 2

AS CORES DA GRAÇA DE DEUS

A graça assume vários matizes na nossa salvação. Salvação e graça estão intimamente relacionadas, como causa e efeito: “Pela graça sois salvos” (Ef 2.8) e “A graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens” (Tt 2.11). Não temos mérito em nossa salvação:

Mas, há uma voz de graça principesca,
Que ressoa da Santa Palavra de Deus,
Ah! Pobre pecadores cativos,
Venham e confiem no Senhor!

Minh’alma obedece ao soberano chamado,
E corre até este alívio;
Quero crer em Tua promessa, Senhor,
Ó, ajuda em minha incredulidade.

À bendita fonte de Teu sangue,
Deus encarnado, corro,
Para lavar minh’alma de manchas escarlate,
E pecados da cor mais profunda.

Como verme vil, débil e impotente,
Em Tuas mãos me entrego;
Tu és o Senhor, minha justiça,
Meu Salvador, o meu tudo!

1 – A Graça como Fonte de Perdão dos Pecados

A doutrina da justificação nos ensina o perdão de nossos pecados e aceitação de nossa pessoa diante de Deus. Saímos da posição de um criminoso condenado que aguarda uma terrível sentença, para a de um herdeiro que espera uma herança grandiosa! “sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3.24). A nossa justificação não nos custa nada, mas teve um alto custo para Deus: “Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós...” (Rm 8.31, 32).

Em Efésios, Paulo dirá: “Nele temos a redenção por meio de seu sangue, o perdão dos pecados, de acordo com as riquezas da graça de Deus” (Ef 1.7). Essa maravilhosa graça, demonstrada na justificação, deve nos deixar maravilhados e agradecidos por tão grande demonstração de amor!

2 – A Graça como o Motivo do Plano da Salvação

Paulo descreve o plano de salvação de Deus em várias partes de suas cartas. De modo específico ele o faz no livro de Efésios 1.3 – 2.10, e atribui todo o plano salvador de Deus à graça dEle. Ali descreve a eleição e adoção como filhos (vv. 3-4), o perdão de pecados (v. 7), a iluminação para compreender Sua salvação (vv. 8-9), a presença do Espírito Santo em nós e a glorificação futura (vv. 13-14). Tudo isso, diz Paulo, é devido à graça de Deus e para o louvor da graça dEle (vv. 5-7, 12, 14). A regeneração tão belamente descrita em 2.1-10, quando Deus nos concede vida com Ele, um relacionamento real que não possuíamos antes, é fruto da graça de Deus (vv. 4-5, 8). A graça é o motor propulsor da salvação grandiosa que Deus opera em nossas vidas!

A RESPOSTA APROPRIADA

Dizem que a doutrina no Novo Testamento é graça e a ética é gratidão. Sem dúvida, as misericórdias de Deus, demonstradas por nós na eleição, justificação, santificação e glorificação, deve nos levar a oferecermos nossas vidas a Deus como sacrifício vivo, santo e agradável a Ele (Rm 12.1). Não há como querer permanecer no pecado para que a graça seja mais abundante, porque essa graça nos levou a morrer para o pecado e para a lei que nos escravizava, concedendo vida com Deus em uma vida justa (Rm 6.1ss). Tito 2.11-12 nos lembra que “a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que renegadas a impiedade e paixões mundanas, vivamos no presente século, sensata, justa e piedosamente”.

Isso, certamente, deve produzir em nós uma atitude de graça para com os outros irmãos, diante de suas falhas e erros: “Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo. Portanto, sejam imitadores de Deus como filhos amados, e vivam em amor, como também Cristo nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus” (Ef 4.32 – 5.2). E não apenas para com nossos irmãos em Cristo, mas, inclusive, com aqueles que ainda não conheceram a graça de Deus em suas vidas, lembrando do quanto Deus foi bondoso para conosco:

... estejam sempre prontos a fazer tudo que é bom, não caluniem ninguém, sejam pacíficos, amáveis e mostrem sempre verdadeira mansidão para com todos os homens.
Houve tempo em que nós também éramos insensatos e desobedientes, vivíamos enganados e escravizados por toda espécie de paixões e prazeres. Vivíamos na maldade, sendo detestáveis e odiando uns aos outros. Mas quando da parte de Deus, nosso Salvador, se manifestaram a bondade e o amor pelos homens, não por causa de atos de justiça por nós praticados, mas devido à sua misericórdia, Ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito santo ... a fim de que, justificados por sua graça, nos tornemos seus herdeiros, tendo a esperança da vida eterna.

É por meio de nós, Igreja do Senhor Jesus, que o mundo conhecerá a graça de Deus!

CONCLUSÃO

Para mim, um dos homens que melhor captou o significado da graça na história da Igreja Cristã foi John Newton, autor do hino “Amazing Grace” (“Maravilhosa Graça”). Ex-comerciante de escravos negreiros, experimentou uma mudança total em seu viver num encontro com Cristo, quando enfrentava um naufrágio. No final de sua vida, quando perdia sua memória, disse o seguinte: “Minha memória já quase se foi, mas eu recordo duas coisas: Eu sou um grande pecador, Cristo é o meu grande salvador”. Em seu túmulo, encontramos o seguinte: “John Newton, uma vez um infiel e um libertino, um mercador de escravos na África, foi, pela misericórdia de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, perdoado e inspirado a pregar a mesma fé que ele tinha se esforçado muito por destruir”. Essa é a maravilhosa graça de Deus na vida de pecadores indignos como Newton e, também, como eu e você.

Nota: A maior parte do esboço e boa parte deste artigo sobre "A Graça de Deus" (Parte 1 e 2) foram adaptados de PACKER, J.I. El conocimiento del Dios Santo. Miami, FL, EUA: Vida. 2006. p. 166-178.

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