terça-feira, 23 de março de 2010

NO CONTEXTO DO FIM - Parte 2

Meditações em Marcos 13


A ESPERANÇA EM MEIO AO ENGANO E AO CAOS MUNDIAL – vv. 3-8


"3Tendo Jesus se assentado no monte das Oliveiras, de frente para o templo, Pedro, Tiago, João e André lhe perguntaram em particular: 4“Dize-nos, quando acontecerão essas coisas? E qual será o sinal de que tudo isso está prestes a cumprir-se?”
5Jesus lhes disse: “Cuidado, que ninguém os engane. 6Muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ e enganarão a muitos. 7Quando ouvirem falar de guerras e rumores de guerras, não tenham medo. É necessário que tais coisas aconteçam, mas ainda não é o fim. 8Nação se levantará contra nação, e reino contra reino. Haverá terremotos em vários lugares e também fomes. Essas coisas são o início das dores."


As palavras de juízo por parte de Jesus geraram curiosidade nos discípulos, especialmente, dos primeiros que ele havia chamado (v. 3; cf. Mc 1.16-20). Agora, está a sós com eles, e a pergunta que fazem é sobre o momento em que estas coisas ocorrerão (a destruição do templo) e o cumprimento delas. O texto paralelo de Mateus 24.3, deixa claro que o conceito de cumprimento, em Marcos 13.4, na mente dos discípulos, estava relacionado com o final dos tempos. Isso porque o livro de Daniel relaciona o evento da destruição do templo com outros acontecimentos de natureza escatológica (cf. Dn 9.25-27 e 12.7 com 7.11-14, 23-27).

O Mestre Jesus começa a discursar que sua preocupação principal não é fornecer indícios sobre o final dos tempos, mas alertar seus discípulos para aquilo que viria antes e, então, descrever os acontecimentos finais (cf. v. 14 e 19). A partir do verso 5 temos a descrição de vários acontecimentos enfrentados pela comunidade dos discípulos de Jesus, ao longo da história. Tanto que o Senhor Jesus enfatiza que “ainda não é o fim” e “estas coisas são o princípio das dores”.

Há um alerta para que os discípulos não se deixassem levar por pessoas que poderiam reivindicar sobre si o título de Messias, enganá-los e desviá-los do verdadeiro Cristo, o Senhor Jesus, já que seu poder de persuasão seria capaz disso (v. 6 – enganarão a muitos). A escatololatria latente dos discípulos era uma armadilha neste sentido. Beasley-Murray fala que a situação na Palestina antes de 70 d.C. era um ambiente propício para homens que afirmassem terem autoridade messiânica ou serem precursores do Reino.

Claramente, o Senhor Jesus está preparando seus discípulos para o futuro, em que já não teriam mais o Mestre fisicamente para guiá-los. Então, ele prediz as futuras guerras e conflitos entre reinos e nações, além de desastres naturais como terremotos e fome. Isso tudo poderia gerar uma preocupação muito forte com o fim do mundo e alienar seus discípulos para com a situação ao redor ou produzir desespero. Mas, Jesus os acalma, isto não é o fim, é apenas o princípio das dores (vv. 7 e 8). O sofrimento se intensificará, ainda mais, e os discípulos devem ser criteriosos para não se alarmarem antes do tempo.

Por outro lado, a expressão “princípio das dores” é, geralmente, uma expressão usada no AT para falar de um momento de sofrimento que precederá um futuro de grande glória para o povo de Deus (cf. Is 6.8-14; Mq 6.9-13). O Reino de Deus já havia raiado por meio de Jesus Cristo (Mc 1.15; Mt 12.28), mas a concretização ainda aguardava seu futuro (Mc 13.26-27). Os discípulos não deveriam se preocupar com a exatidão do “quando” ou se desesperarem com os acontecimentos ao redor, mas viverem o “hoje” motivados e alimentados pela esperança do “futuro”, quando o Reino de Deus nasceria.

Diante da realidade que vivemos, muitos têm sido facilmente levados pela escatololatria. Vêem os terremotos no Haiti e Chile, a unificação de moeda promovida pelo euro, o Barack Obama restabelecendo relações com outros países, a descoberta arqueológica em Jerusalém que pode remeter ao templo de Salomão, a fome nos países africanos e começam ser absorvidos por estes fatos, paralisados com os prenúncios do fim e se preocupam meramente em fazer cálculos e acompanhar as últimas notícias para ver se Jesus chega logo. Hoje, nosso problema não é tanto em identificar o Messias, mas sim, o Anticristo. É muito comum vermos pessoas discutindo se Bill Gates, Obama ou qualquer outra grande figura mundial poderia ser o Anticristo. A Bíblia nunca nos ensina a fazer isso.

Ao contrário, a palavra de Jesus para aqueles que se deixam dominar por estas preocupações é que isso não deve ser assim. Esses são apenas os princípios das dores. O Rei virá, como um ladrão. Ninguém sabe a data ou a hora, apenas o Pai. Por isso, escatologia que aliena as pessoas do mundo, não é a escatologia do Senhor Jesus. A esperança da vinda de Jesus deve nos encher de força e disposição de espalhar a esperança nEle, enquanto o fim não chega.

Devemos ansiar dia após dia pela vinda de Cristo, a fim de não nos desesperarmos com o que ocorre ao nosso redor. Muitos têm roubado essa esperança da igreja, dizendo que não haverá mais a vinda física do Senhor Jesus. Nós rejeitamos totalmente esta mensagem. Mas, a esperança em Jesus deve nos motivar a missão, como os versos seguintes deixarão claro.

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