segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

NA BUSCA DO VERDADEIRO AMOR
1 Coríntios 13.1-3

INTRODUÇÃO

Você já parou para observar o quanto tem se falado em amor, hoje em dia, e como fica cada vez mais difícil definir o que é o amor? Há poucos anos atrás, eu conversava com um rapaz no ônibus, enquanto viajava para a igreja na qual trabalhava quando era seminarista. Na busca por compartilhar com ele do evangelho, comecei uma conversa. No meio dela, ele passou a me dizer que o amor é relativo e o importante é cada um encontrar seu verdadeiro amor. Se fosse necessário, no caso de alguém casado, trair a esposa porque encontrou o verdadeiro amor, não haveria problema algum, pois, o que vale é encontrar o seu amor, mesmo que implique em quebrar os votos e compromissos do casamento.

Outras situações, também, tristes e/ou curiosas são:

O amor virou sinônimo de tempero de comida, há pouco tempo atrás fazer comida com amor era fazer comida com Sazon.

Amor virou sinônimo para relação sexual com uma pessoa, independentemente se você tem um relacionamento profundo com ela. Fazer amor é igual a relacionar-se sexualmente.

Amor é algo incontrolável, "que mexe com a minha cabeça e me deixa assim". Amor deixou de ser uma decisão, para ser um sentimento que me domina.

Amor não é algo tão importante, pois eu posso até "deixar o meu amor por ela".

Diante dessas propostas do que o amor significa, precisamos nos voltar para a Bíblia e encontrar nela a definição do próprio Deus para o verdadeiro amor.

DEFININDO O AMOR BIBLICAMENTE

Algumas verdades que definem o amor, biblicamente, são:

Amar é buscar sempre o benefício do outro (Rm 13.10), até mesmo daqueles que são nossos inimigos (Rm 5.7-10).

Amar, muitas vezes, nos levará a dar de nós mesmos e abrir mão de direitos pelo bem do outro (Ef 5.2).

O amor verdadeiro se alegra e anda junto com a verdade. Não é concordar ou esconder o erro de outros (Ef 4.15; 1 Co 13.6).

A FALTA DE AMOR NA IGREJA DE CORINTO

O nosso texto de hoje, se encontra em 1 Coríntios 13.1-3. É preciso lembrar, antes de nos voltarmos a ele, que a igreja de Corinto tinha uma enorme dificuldade para entender e viver o amor bíblico. A carta mostra diversos problemas de relacionamento promovidos pela falta de amor naquela comunidade, tais como:

Alguns se tinham por sábios dentro da igreja e consideravam-se superiores aos demais (1 Co 6.15-20; 8.1-3);

Havia uma falta de preocupação em comportamentos que feriam a consciência dos outros (1 Co 10.23-33);

A falta de amor era refletida na festa do agápe, em que era celebrada a ceia do Senhor. Fazia-se uma refeição em comunidade e os pobres passavam fome, ao passo que os ricos comiam e não repartiam sua comida com os necessitados (1 Co 11.17-22);

Disputas de grupos que se achavam mais espirituais que outros e, também com respeito aos dons espirituais. A pessoas estavam preocupadas em mostrar seus dons, sem o interesse em edificar a igreja (1 Co 1.10-17; 3.1-5; 12.12-31). Nesse contexto aparece o famoso texto do amor.
Dentro desse contexto da igreja em Corinto que precisamos entender 1 Coríntios 13.1-3, onde a miopia da comunidade cristã em compreender o amor de Deus por nós, levou-os a agirem com falta de amor uns com os outros. Paulo, então, busca corrigir essa condição da igreja no capítulo 13.

PODER E CONHECIMENTO SEM AMOR SÃO VAZIOS – vv. 1-2

Línguas
O contexto próximo indica que Paulo estava falando sobre o dom de línguas. Quando fala sobre "língua dos anjos", se refere, talvez, a alguns coríntios que alegavam falar a língua dos anjos, possivelmente, de maneira extática. E ao tratar sobre a língua dos homens, faz referência à linguagem comum, aos idiomas (cf. At 2). O dom de línguas era um dom, aparentemente, muito apreciado pelos coríntios. O apóstolo, então, diz que mesmo se eu possuir tal dom, seja em qualquer esfera (linguagem da terra ou dos céus) ou até do "mais alto nível", sem uma vida de amor "serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine".O sino e o prato ou címbalo, eram instrumentos tocados pelos adoradores dos deuses Dionísio (deus do vinho) e Cibele (deusa da natureza). Eram usados para invocar a deidade, afastar os demônios ou acordar os adoradores. Nas ruas de Corinto, esses instrumentos ecoavam por toda a parte. Mas eles emitiam apenas sons barulhentos, estridentes e monótonos, sem produzir nada mais que isso. Faziam somente barulho, não se obtinha melodia ou música qualquer deles.

A intenção de Paulo é mostrar que o uso do dom de línguas sem acompanhar uma vida motivada pelo amor, nada produz. Pode causar a admiração, respeito e louvor dos homens, mas não produz a música que Deus deseja. Para Deus de nada serve, pois tira a glória de Deus do centro e coloca a própria glória humana.

Profecia e Conhecimento
A profecia estava ligada à edificação, encorajamento e consolo (1 Co 14.3). Quando fala de "mistérios", Paulo indica a revelação de Deus em Cristo, a qual o homem é incapaz de saber por si mesmo, a não ser mediante a intervenção sobrenatural de Deus (1 Co 2.7-11 c/ 1.24-31). Ao tratar sobre "conhecimento", indica um conhecimento dado por Deus e que o homem pode adquirir (1 Co 8.1-6; 12.8). A "fé" pode estar ligada à capacidade de realizar milagres (Mc 11.22-23).

Mais uma vez, o ponto do texto é que mesmo alguém sendo capaz de pronunciar palavras de edificação à igreja, conhecer exaustivamente os mistérios de Deus e possuir uma fé poderosa, pode ser alguém muito importante aos olhos humanos, mas aos olhos de Deus não é nada. Os dons são meios pelos quais expressamos nosso amor a Deus e ao próximo, mas não podem tornar-se fins em si mesmos.

Posso exercer meus dons e talentos na vida da igreja sem amor da seguinte forma:

Tocar no louvor ou cantar, esperando o reconhecimento dos outros, em lugar de encarar isto como oportunidade de servir os outros e ajudá-los na sua adoração ao Senhor.

Coordenar um evento na igreja, mas com raiva e ira com os outros porque não fazem direito ou não participam.

Buscar conhecimento bíblico para mostrar que sou mais espiritual que os outros. Ou contar experiências para mostrar o quanto sou superior na minha espiritualidade em relação às pessoas.
Posso usar meu conhecimento bíblico de modo a ferir profundamente meu próximo.

CARIDADE E SACRIFÍCIO SEM AMOR SÃO INÚTEIS – v. 3
Caridade
O texto fala, primeiramente, de alguém que doa todos os seus bens e propriedades a um grande número de pessoas (palavra grega para "repartir"), a ponto de não lhe restar mais nada. Ainda que faça isso, se não for motivado pelo amor a Deus e ao próximo, de nada lhe valerá.

Martírio
Mesmo a entrega do próprio corpo para ser morto por altos ideais sem a submissão ao amor de Deus, em nada será útil. Há uma possível referência a um indiano que havia se queimado em uma fogueira funerária na cidade de Atenas e cuja sepultura era bem conhecida. De nada adiantou ao sujeito ser morto por ideais elevados que não eram o verdadeiro. Mais adiante, também, alguns cristãos dos séculos II e III, buscavam o martírio para receber a glória dos irmãos.

Podemos ser caridosos, buscando receber algo de Deus em troca, uma bênção ou receber o louvor dos homens (carona; dar um bom dízimo; ajudar uma família da igreja que precisa de ajuda; limpar a igreja).

Ou ajudamos alguém movidos apenas pela força da obrigação, no lugar de sermos motivados pelo bem do próximo.

Podemos nos sacrificar em busca de algo em troca: "Poxa, fiz isso por você e você nem pra me retribuir". "Nossa! O irmão só deu um obrigado pelo que eu fiz".

CONCLUSÃO

O livro de Romanos nos diz que Deus nos capacita a amar como Ele requer de nós mediante a atuação do Espírito Santo (Rm 5.5). Podemos e devemos amar, viver uma vida que expressa interesse e preocupação pelos outros. Amar significa agir para o bem daqueles que nos cercam, seja por meio de dons e talentos, ou abrindo mão de direitos e ajudando os que precisam. Mas o motor de tudo isso deve ser o AMOR.

Conta-se a história da família de um dono de armazém que todas as manhãs se reunia e o pai orava fervorosamente em favor dos pobres da comunidade. Ele orava muito, mas jamais deu qualquer coisa para ajudar os mais carentes. Certa manhã, quando encerrava mais uma reunião de oração doméstica, após interceder intensamente pelos necessitados, seu pequeno filho disse: "Pai, eu desejaria muito ser dono do seu armazém." "Por que, meu filho?", perguntou o pai. "Porque assim poderia responder, eu mesmo, as suas orações."

Um professor meu do seminário dizia: "Pare de pedir a Deus que o ajude a amar as pessoas, e comece amá-las".

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