sábado, 31 de janeiro de 2009

O MILAGRE DO REINO E SEU VALOR IMENSURÁVEL - Parte 1
Marcos 10.23-31

INTRODUÇÃO

Certa vez, um homem realizava as suas rotinas normais do dia-a-dia numa pequena fazenda das várias que o seu patrão possuía, quando se deparou com algo estranho. Enquanto cavava um buraco na terra, percebeu que havia algo reluzente ali dentro. Continuou cavando e fazendo um buraco maior, até que descobriu um grande tesouro naquele lugar. Sua reação imediata foi jogar a terra de volta ao buraco em que cavava, sair correndo dali e começar a vender tudo o que tinha.

Quando conseguiu vender boa parte daquilo que conquistara durante anos de trabalho, comunicou ao seu patrão que tinha interesse em comprar sua fazenda. Mesmo surpreso pelo interesse de seu empregado, concordou em vendê-la, já que era uma de suas menores propriedades. Feliz da vida com a disposição de seu chefe em fazer o negócio, o homem comprou a fazenda e descobriu um tesouro que valia cem vezes mais do que o valor daquele lugar!

Uma ilustração muito parecida com esta foi contada por Jesus em Mateus 13.44, na qual Jesus compara tal tesouro ao reino de Deus que tão precioso é, a ponto das pessoas deixarem tudo o que tem, com o alvo de recebê-lo. Fazer parte do reino, certamente, implicará em perdas, mas nenhuma delas pode ser comparada ao valor imenso da participação nele!

A IMPOSSIBILIDADE HUMANA DO REINO À PARTE DE DEUS – vv. 23-27

Nos versos 17-22 de Marcos 10, Jesus desafia o homem rico a abandonar tudo o que tem, a fim de seguí-lo e receber assim, um tesouro nos céus. A resposta do homem foi recusar o chamado de Jesus e sair triste do lugar por não alcançar o que queria. Diante disso, o Mestre provoca uma reflexão entre seus discípulos. Isto ele faz com uma afirmação inicial: “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas”. A reação dos discípulos é de espanto, pois, na mentalidade judaica da época a riqueza era sinal de favor divino.

Mesmo assim, Jesus reforça a sua afirmação a respeito da dificuldade grande para um rico entrar no reino. O problema aqui não é o ser rico em si, mas, confiar nas riquezas (cf. texto majoritário grego do v. 24). O Senhor ilustra tal verdade de modo bem forte, a fim de que seus discípulos compreendam a dificuldade de se participar do reino. É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus. O camelo era o maior animal da Palestina e contrasta com a agulha que não é nenhuma porta de entrada de Jerusalém, mas sim, o instrumento usado para se costurar roupas e as redes dos pescadores, objeto com o qual vários dos discípulos deveriam estar acostumados a usar.

Uma vez mais, os doze se espantam e perguntam uns aos outros quem pode ser salvo. Se aquele homem rico não poderia quanto mais eles! Salvação é claramente uma referência à participação do reino de Deus. O propósito da ilustração fica bem nítido quando Jesus responde aos questionamentos de seus discípulos. Aos olhos humanos o reino de Deus parece impossível e, realmente, é impossível pela força e vontade do homem. Mas, não para Deus, pois o desfrute dele é uma dádiva divina. O homem por si mesmo é incapaz de merecer a participação no reino e nem tem nada a oferecer, até mesmo suas posses. Apenas quando percebe sua pequenez e total necessidade de Deus, só então, coloca sua total dependência nEle e começa a seguir e viver numa relação verdadeira com o Deus encarnado.

O apóstolo Paulo reitera o princípio deste texto de Marcos, quando lembra a seus irmãos de Corinto que aqueles que foram chamados pelo evangelho não eram em sua maioria sábios, poderosos ou nobres, mas pessoas humildes, sem valor diante dos olhos humanos (1 Co 1.18-31). Deus se agrada em chamar para o seu reino aqueles que percebem sua insignificância e confiam totalmente nEle.

Esta mensagem de Jesus nos desafia. Não podemos viver o evangelho achando que somos auto-suficientes. Não há espaço para a vanglória ou auto-suficiência no reino de Deus. Precisamos tirar a confiança de nós mesmos, parar de pensar que o mundo gira em torno de nós e que sustentamos o universo de nossas vidas.

É necessário deixar de lado a dependência de nossa capacidade profissional, ou de nossa inteligência para compreender com facilidade o que estudamos, ou do dinheiro que conseguimos mediante nossos esforços, ou da popularidade que alcançamos com nosso jeito carismático. Nada disso é fundamental no reino, o que Deus quer são pecadores conscientes da sua incapacidade em agradá-lo e de sua carência da intervenção divina para salvá-los dessa condição de alienação dEle.

Com isso, paramos de depender de nossas obras para alcançar algo de Deus. Não contribuímos para receber uma recompensa financeira, nem praticamos atos de justiça e piedade para sermos louvados pelos homens, muito menos oramos para que tudo dê certo em nossa vida. Senão fosse a graça de Deus, nada seríamos, poderíamos ofertar a maior quantia financeira, ou praticar os atos de maior piedade, ou orar sem parar, mas nada disso valeria sem um coração consciente de sua total fragilidade e miséria à parte dos méritos de Cristo.

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