sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE E A PROPOSTA DE SATANÁS


Então o Diabo o levou à cidade santa, colocou-o na parte mais alta do templo e lhe disse: “Se és o Filho de Deus, joga-te daqui para baixo. Pois está escrito:

“ ‘Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, e com as mãos eles o segurarão,
para que você não tropece em alguma pedra’”.
Jesus lhe respondeu: “Também está escrito: ‘Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus’”.
(Mateus 4.5-7)


                   Satanás havia tentado Jesus com uma proposta que acabou frustrada. Agora, apela para outra forma. Ele conduz Jesus ao pináculo do templo, o lugar considerado como a habitação de Deus e onde Sua presença gloriosa era manifesta. Ali, ele o desafia a provar do cuidado paternal divino, lançando-se para baixo. O argumento satânico se encontra no Salmo 91.11-12, em que Deus promete guardar o fiel  em seu caminho. E se ele faz tal promessa ao fiel comum, quanto mais àquele que é chamado de Filho de Deus.
Jesus detectou um perigo por trás desta proposta. Lançar-se de cima do templo era um modo de manipular Deus, testando o quão real era o Seu cuidado por ele. Isto implicava em desafiar a fidelidade de Deus de maneira indevida.
Por isso, nosso Senhor, cita as Escrituras, mostrando que um texto não pode ser usado de forma isolada: “Também está escrito: ‘Não tentarás o Senhor, teu Deus’” (Dt 6.16). Ele cita este texto do Deuteronômio que fazia referência a um evento no qual o povo de Israel colocara em cheque a fidelidade de Deus para suprir a água de que precisavam quando andavam pelo deserto (cf. Êx 17.2). Exigir que Deus cuidasse de si quando se lançasse templo abaixo era forçar Deus a usar Seu poder cuidadoso de uma forma milagrosa que Ele mesmo não prometera. Não era Jesus quem diria ao Pai quando este demonstraria o Seu cuidado, mas sim, o próprio Pai em situações que Ele mesmo traçasse dentro da missão do Filho.
“Ao repelir também essa tentação, Jesus declara que as medidas milagrosas de ajuda que lhe foram prometidas pelo Pai apenas serão utilizadas para socorrê-lo naquelas situações a que o Pai o conduzir e das quais ele novamente quiser salvá-lo” (Fritz Rienecker).

Jesus nos mostra que a Escritura, corretamente interpretada, nos conduz a uma submissão confiante ao Pai, não à exigência sobre quando Ele deve manifestar o Seu poder em nosso favor. Satanás usara o texto inapropriadamente, Jesus demonstrou que a Escritura deve ser interpretada com a própria Escritura e nunca se contradizer.

Você se sente frustrado quando Deus não realiza uma expectativa sua? Ou faz exigências a Deus de que ele dê a você o que quer, já que é o Seu Pai? Não somos nós que determinamos quando Deus deve agir em nosso favor, mas confiar de que Ele há de cuidar de nós de forma poderosa conforme a boa vontade dEle. Pensar a vida a partir da Palavra de Deus nos humilha e nos concede uma visão adequada da Soberania de Deus. Não sou eu quem diz quando Deus deve curar uma pessoa, quando ele deve conceder o marido ou a esposa a uma amiga ou um amigo, ou o quanto de dinheiro que deve conceder a alguém.

A teologia da prosperidade nada mais é do que esta segunda proposta de Satanás disfarçada de evangelho. A pregação desta teologia é a voz de Satanás que isola textos das Escrituras conforme lhe apraz e exige de Deus o momento e o milagre que Ele tem a obrigação de realizar. Lança mão de textos do Antigo Testamento, que tinham um sentido específico para a nação de Israel na Terra Prometida, e os aplica à Igreja de Cristo nos dias de hoje. É uma teologia míope que desconhece passagens claras do Novo Testamento que nos ensinam a nos contentarmos com qualquer condição dada por Deus, confiando em Seu cuidado por nós (Fp 4.11-13).

O melhor antídoto para não sermos levados por estes ventos de doutrina é seguirmos a verdade de Deus em amor (Ef 4.14-15). Jesus usou as Escrituras corretamente, e nós, também, devemos cultivar uma visão ampla da Bíblia, a fim de não sermos enganados por idéias que transformam Deus em gênio da lâmpada mágica que concede os desejos de nosso coração, no nosso momento. A Escritura não se contradiz, mas se complementa. Há um progresso na revelação e um modo específico de Deus tratar Seu povo conforme cada época da história da redenção.

Cuidado com a voz de Satanás que ecoa por bispos e a apóstolos da televisão. Alimente-se das Escrituras constantemente, lembre-se que Jesus não usou de sua filiação divina para testar a fidelidade de Deus, mas se submeteu à vontade do Pai. Você se sente tentado a exigir de Deus o namorado que até agora não apareceu? Questiona a fidelidade de Deus porque não o curou da doença terrível que enfrenta? Quem sabe, você duvida da bondade de Deus por deixá-lo desempregado por tanto tempo? Alimente-se com a Palavra de Deus diariamente, regue o jardim do seu coração com as Escrituras e deixe que elas permeiem seu coração. Lembre-se: “Bom é o Senhor para os que esperam nEle ... bom é aguardar a Sua salvação” (Lm 3.25, 26).

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