quarta-feira, 20 de abril de 2011

A MISSÃO DA IGREJA COMO MISSIO DEI

A missão da Igreja pode ser definida como a expressão da ação de Deus em prol do mundo. Desde a queda humana, Deus se mostra interessado em restaurar a comunhão entre Ele e a humanidade, destruída pelo pecado. Quando o homem foge e se esconde de Deus pelo seu pecado, Ele vai na direção do homem e o chama (Gn 3.8, 9). Deus pronuncia palavras de juízo, ao homem e à mulher (Gn 3.16-20), porém, antes do juízo, Deus promete a esperança de salvação por meio do descendente da mulher que pisaria na cabeça da serpente (Gn 3.15). Ainda que o juízo de Deus sobre o pecado e rebeldia humanos seja justo e necessário, sua preocupação primordial é lhes oferecer a oportunidade de salvação da miséria e desgraça que o pecado lhes trouxe, por isso, começa o discurso com a salvação e, então, fala da condenação.
Deus se encontra, constantemente, em missão. Antes da própria queda da humanidade, Deus já tinha a redenção como parte de Seu plano maior de promover a Sua glória. Jesus é chamado de “o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8). Ele, como o Cordeiro puro que derrama seu sangue em favor dos pecadores, estava no propósito de Deus já “antes da fundação do mundo” (1 Pe 1.19-20). Assim, a missão é fruto do Deus que ama as suas criaturas e deseja redimi-las de sua escravidão do pecado e da separação dEle mesmo (Jo 3.16-17; Ef 2.14-18).
Deus é tanto o que envia quanto aquEle que é enviado. Em João, há o relato do Pai enviando o Filho com o propósito de salvar os homens: “Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele” (Jo 3.17).  Ainda, “Pois desci dos céus, não para fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade daquele que me enviou. E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum dos que ele me deu, mas os ressuscite no último dia ... Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.38-39, 44). O Deus Triúno se engaja em missões. É, também, o Evangelho de João que lembra que o Pai concede o Espírito Santo ao Filho, a fim de que este O envie aos discípulos: “Quando vier o Conselheiro, que eu enviarei a vocês da parte do Pai, o Espírito da verdade que provém do Pai, ele testemunhará a meu respeito” (Jo 15.26; cf. At 2.33).
Deste modo, missões não é um empreendimento humano realizado pela força humana. Missões é o transbordar da ação de Deus na vida da igreja. A igreja é chamada a fazer missões como extensão da missão de Deus. Assim como o Pai enviou o Filho ao mundo, nós somos enviados pelo Filho, no poder do Espírito (Jo 17.18; 20.21-22). O Espírito Santo é aquEle que capacita a igreja no seu testemunho de Cristo ao mundo (At 1.8).
Ao salvar os homens por meio da missão, o foco de Deus não é a salvação humana em si. A missão não é uma finalidade em si mesma. Seu propósito é a glória de Deus. O Deus triúno se envolve com missões e salva os homens, a fim de ser glorificado. Ao completar a obra de salvação, pela qual fora enviado, Jesus buscava a glória do Pai que o enviou (Jo 17.4). O Espírito Santo, ao ser enviado pelo Filho como testemunha por meio da igreja da salvação de Deus, busca, também, a glória do Filho (Jo 16.13-15; 20.21-22). O Pai glorifica o Filho, a fim de que o Espírito seja enviado e a obra de missões continue mediante a comunidade dos discípulos (Jo 7.39; 17.1-5).
Romanos 9.23-24 descreve Deus escolhendo indivíduos para serem salvos, com o propósito de glorificar o nome dEle. Deus não salva porque sente necessidade ou porque o homem tem algum mérito em si, mas para evidenciar a sua gloriosa graça. Tal fato é fortemente ressaltado em Efésios 1.3-14, no qual o Deus Triúno, em todo o processo que abrange a salvação do crente, elege, adota, perdoa, revela o evangelho, sela com o Espírito e glorifica, para o louvor de Sua glória. Esse é um refrão repetido três vezes no texto (Ef 1.6, 12, 14).
Assim, a igreja cumpre o seu mandato missionário, ao buscar a glória de Deus, acima de tudo. Tal zelo pela glória do Senhor do Universo impulsiona a comunidade de fé a levar o Senhorio de Cristo a todas as nações (Mt 28.18-20). O trabalho missionário será contínuo até “o fim dos tempos” (Mt 28.20), quando, então, todas as nações serão iluminadas pela glória de Deus e do Cordeiro (Ap 21.22-27).


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