quarta-feira, 30 de julho de 2008

Síntese do livro
HASEL, Gerhard F. Teologia do Antigo Testamento: questões fundamentais no debate atual. 2 ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1992.

INTRODUÇÃO

O autor do livro introduz sua discussão sobre a teologia do AT (Antigo Testamento) afirmando a continuidade de problemas e questões ainda sem solução na teologia do AT. Para fundamentar sua perspectiva cita trabalhos sobre TB (Teologia Bíblica) contemporâneos à sua obra que continuam a debater questões centrais da disciplina.

CAPÍTULO 1: ORIGENS E DESENVOLVIMENTO DA TEOLOGIA DO AT

Aqui, Hasel observa as tendências e direções dentro da história da teologia do AT. Ele inicia sua abordagem a partir da reforma, indicando-a como solo preparatório para a TB e o seu desenvolvimento, um século depois, mas ainda, subserviente à dogmática.

Dentro do iluminismo, o estudo da Bíblia é influenciado por concepções racionalistas e, conseqüentemente, anti-sobrenauralistas. É nesse ambiente que ocorre a cisão definitiva entre a teologia dogmática e a TB, quando esta assume um papel puramente histórico-crítico.

No século XIX, a TB passa a ser influenciada pelo método da história das religiões e por Hegel. Enfatiza-se a separação da teologia do AT e NT (Novo Testamento). Ocorre a reação conservadora com a escola da história da salvação e sua ênfase na inspiração e unidade dos testamentos. Pouco depois, a TB é eclipsada pelo método da história da religião, onde o AT é visto como uma coletânea de textos de diversas épocas que revelam a reflexão religiosa hebraica.

Nas décadas que se seguiram à primeira guerra mundial, houve um reavivamento da TB, movido por fatores como a perda da fé no naturalismo evolutivo e a reação à possibilidade da “objetividade” científica. Com isso, os problemas fundamentais da teologia do AT, como método, natureza e tema central, voltam a ser foco de debate.

CAPÍTULO 2: O PROBLEMA DA METODOLOGIA

Gerhard Hasel destaca cinco métodos do estudo da teologia do AT e suas respectivas dificuldades. O primeiro deles é o descritivo, o qual propõe que a tarefa do teólogo bíblico é simplesmente descritiva e histórica. Já, o método confessional baseia-se na distinção entre história da religião e a teologia do AT. A primeira é vista como uma disciplina imparcial e descritiva, e a outra como estudada pelo prisma da fé cristã.

Com W. Eichrodt surge o método dissecativo, que se aferra à história, todavia, busca entender a unidade estrutural da crença do AT por meio de um conceito. Une-se o princípio histórico com o sistemático. Por outro lado, o método diacrônico, estuda o AT como um mundo dos testemunhos de Israel acerca das palavras e feitos de Deus na história.

O último método apresentado é o da “Nova Teologia Bíblica”, proposto por Childs. Vê a TB como uma disciplina de cunho cristão, entendendo a tradição bíblico-canônica como autoritativa. Há a ênfase na relação recíproca entre o AT e o NT.

CAPÍTULO 3: A QUESTÃO DA HISTÓRIA, HISTÓRIA DA TRADIÇÃO E HISTÓRIA DA SALVAÇÃO

Aqui é tratada a questão suscitada por Gerhard von Rad quando diferencia a história dos testemunhos de Israel do método moderno histórico crítico, enfatizando o primeiro na tarefa da teologia do AT e dando margem para duas apreciações históricas na abordagem do AT. Franz Hesse, então, critica von Rad por sua duplicidade de visão histórica e propõe o método histórico-crítico como o que deve ser adotado ao se estudar a História de Salvação no AT, sem perceber, todavia, as premissas filosóficas que influenciam tal metodologia. Eichrodt defende uma reunificação das duas versões de história em prol da fidedignidade do testemunho bíblico.

W. Pannenberg critica o método histórico-crítico por ser influenciado pelo positivismo e neokantismo. Entende a história como uma realidade em seu todo e, assim, a história a salvação se torna idêntica à história universal. H. Kraus compreende que a teologia do AT só se perfaz quando entende o contexto textual do cânon como verdade histórica e busca explicá-la. Hasel termina, propondo a restauração da unidade original dos fatos do AT, sem uma dicotomia histórica, e a compreensão de seu devido significado.

CAPÍTULO 4: O CENTRO E A TEOLOGIA DO AT

G. Hasel parte do enfoque dado por Eichrodt de um centro unificador interno do AT. Este entendia a aliança como o núcleo sistematizador do AT. Vários outros temas propostos são expostos e seus defensores, mas com tanta diversidade de centros, o autor mostra que sistematizar o AT, cuja natureza é multiforme, com base em um centro, é insatisfatório e limita o estudo deste.

Neste sentido, cita von Rad e sua oposição ao centro do AT devido aos diversos atos separados de Deus na história narrada. Aqui von Rad acaba traindo sua proposta, ao entender que a teologia deuteronomista de história do julgamento e salvação de Deus se constitui o centro por meio do qual deve-se interpretar o AT. Porém, von Rad não apresenta uma justificativa legítima para seu centro e outros poderiam ser escolhidos, partindo do mesmo critério. Ainda, outros centros como o primeiro mandamento ou um núcleo duplo são apresentados, mas, também, possuindo deficiências de justificativa ou de limitação.

Hasel, por fim, propõe que um centro do AT é importante, mas como conceito dinâmico, não sistematizador. Entende ser este centro o próprio Deus que permeia todo o AT.

CAPÍTULO 5: A RELAÇÃO ENTRE OS TESTAMENTOS

Nesta parte, o livro aborda as questões de continuidade e descontinuidade entre o AT e NT. Apresenta, primeiramente, teólogos que não vêem relevância teológica na relação entre os testamentos por entenderem que a história de Israel no AT é de fracasso. Por outro lado, há aqueles que valorizam em demasia o AT, encarando o NT apenas como glossário daquele.

Hasel cita as propostas de conexão entre os testamentos mediante a tipologia ou o esquema de promessa e cumprimento, mas lembra que apesar da validade de ambas, não podem ser vistam como a única conexão. Além disso, o autor entende que o contexto amplo canônico e a relação de mão dupla entre os testamentos devem direcionar a tarefa do biblista, sem ignorar o contexto histórico do texto e sua relação dentro do livro em que se encontra.

Por fim, Hasel propõe uma abordagem multíplice da relação AT-NT, em conexões padrões como a história contínua do povo de Deus, citações, termos teológicos e temas principais correspondentes, a categorias de promessa e cumprimento, história da salvação, entre outros.

CAPÍTULO 6: SUGESTÕES ESSENCIAIS PARA SE ELABORAR UMA TEOLOGIA DO AT

Depois de abordar as questões fundamentais, Hasel faz propostas básicas para se realizar a teologia do AT. Primeiro, propõe que a TB é uma disciplina histórico-teológica, cabendo ao teólogo bíblico descrever o que o texto significou e explicar seu sentido para hoje. Por conseguinte, a metodologia deve ser histórico-teológico rejeitando a limitação dos pressupostos histórico-críticos. Ainda, compreende que a teologia do AT deve se preocupar com a teologia dos livros ou blocos de escritos do AT, sem uma fórmula limitadora. Mas, por outro lado, deve reunir e expor os principais temas longitudinais que afloram do AT.

Por último, propõe a demonstração da unidade da teologia do AT, relacionando suas teologias e temas. Também, a abordagem das conexões múltiplas do AT com o NT.

Um comentário:

Derly Jean Aniceto disse...

maravilhoso trabalho irmão.
Deus abençõe.

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