quinta-feira, 31 de julho de 2008

Síntese do Livro
HASEL, Gerhard F. Teologia do Novo Testamento. In: HASEL, Gerhard F. Teologia do Antigo e Novo Testamento: questões fundamentais no debate atual. São Paulo: Academia Cristã, 2007.

INTRODUÇÃO

Hasel inicia seu estudo sobre a teologia do NT (Novo Testamento), declarando a crise desta nos dias contemporâneos, não pela falta de interesse, mas pela falta de concordância em questões fundamentais. Cita teólogos que comprovam sua afirmação e exemplifica a crise com o debate atual sobre a função da mensagem de Jesus na teologia do NT.

CAPÍTULO 1: PRIMÓRDIOS E DESENVOLVIMENTO DA TEOLOGIA DO NT

Neste capítulo, o autor propõe um estudo sobre o desenvolvimento histórico da teologia do NT, pois, isso auxilia na compreensão do debate contemporâneo sobre a natureza, função, método e propósito dela. Apresenta a reforma como precursora da TB (Teologia Bíblica), mas esta só tem seu início, como disciplina, um século depois, ainda subserviente à dogmática.

Com o iluminismo, a TB é influenciada pelo racionalismo e se desenvolve o método “histórico-crítico”. Assim, a TB recebe um enfoque histórico-descritivo que culmina na ruptura com a sistemática, analisando o texto apenas em seu contexto antigo sem relacioná-lo com os dias modernos. Outros enfoques surgem. O método da “história das religiões” submete o texto ao princípio da religião universal. A escola “histórico-positiva” mescla a metodologia histórica com a abordagem dogmática. E o enfoque da “história da salvação” entende as Escrituras como proclamação da ação salvífica de Deus dentro da história, especialmente em Jesus Cristo.

Após a Primeira Guerra, há a descrença no naturalismo evolucionista e na possibilidade da “objetividade” científica. Surge a teologia dialética. Nesse contexto, emerge Bultmann, influenciado pela história das religiões e pela filosofia existencialista de Heidegger. A teologia do NT no meio católico se desenvolve no século XX. O enfoque da Heilsgeschichte reaparece no cenário recente da teologia do NT.

CAPÍTULO 2: METODOLOGIA NA TEOLOGIA DO NT

O capítulo dois delineia as metodologias atuais mais importantes na teologia do NT. A primeira é a abordagem temática, que pode tanto implicar no uso de temas dogmáticos para a abordagem do NT ou no estudo longitudinal de conceitos e temas inerentes ao NT.

A metodologia existencialista é fruto da influência heideggeriana na abordagem do NT. Trabalha-se tanto com os métodos críticos na reconstrução dos escritos do NT, como com a interpretação do significado dos textos para hoje. A teologia do NT é estudada antropologicamente.

O enfoque histórico busca a compreensão dos autores do NT no próprio contexto deles dentro da igreja primitiva. Trabalha-se na unidade existente entre os autores do NT e, também, entre a proclamação de Jesus e da Igreja.

A abordagem da história da salvação, ainda que existam diferenças entre seus principais expoentes, apresenta um entendimento da revelação bíblica como a descrição ou interpretação do agir salvífico divino na história. Os autores bíblicos apresentam Deus ativo na história, revelando-se e redimindo o homem.

Por fim, Hasel aborda aspectos fundamentais da teologia do NT. Na abordagem temática mostra a limitação na seletividade de temas no estudo do NT, pois o NT possui uma natureza variada de pensamento; aponta para a questão polêmica e indissolúvel se a fé cristã do NT remonta ao próprio Jesus ou se é criação da igreja primitiva; lança a questão se a empreitada da teologia do NT deve ser descritiva ou teológica; e, finalmente, fala sobre o debate da separação ou união entre “o que queria dizer” o texto e “o que quer dizer”.

CAPÍTULO 3: O CENTRO E A UNIDADE DA TEOLOGIA DO NT

Neste capítulo, Hasel levanta a questão da possibilidade de um centro do NT, no qual se perceba uma unidade teológcia entre os autores e escritos. Ao mesmo tempo, há a crítica do conteúdo que entende o centro do NT como o critério de “cânon dentro do cânon”. Alguns como Bultmann e Braun vêem na antropologia o centro pelo qual se deve estudar o NT. Acabam por enfatizar certos autores e escritos do NT e não dar importância para outros, de acordo com o critério da antropologia existencialista.

Cullmann vê na “história da salvação”, isto é, o agir redentor e revelador de Deus na história, como o centro unificador do NT. Outros centros são defendidos por diferentes autores, inclusive o Pacto, mas nenhum deles consegue tratar de forma abrangente a totalidade do NT.

Hasel apresenta uma discussão sobre a cristologia como o centro do NT e outras propostas de centros no meio católico e luterano. Conclui que a cristologia pode ser vista como o centro dinâmico e unificador do NT, mas não pode ser tida como uma estrutura para se escrever uma teologia do NT. No final do capítulo, reserva sua atenção para a discussão do “cânon dentro do cânon” e mostra que a diversidade de centros como normas na “crítica do conteúdo” do NT evidenciam fraquezas insuperáveis e arbitrariedade confessional.

CAPÍTULO 4: A RELAÇÃO DO NT E O AT

Nesta parte do livro, foca-se na questão de continuidade e descontinuidade entre o AT (Antigo Testamento) e o NT, e a direção que a leitura das Escrituras de ter, se do AT para o NT ou do NT para o AT, ou ambas. Marcião é um exemplo da descontinuidade e desunião entre o AT e NT, já que considerava haver diferenças fundamentais entre os dois. Tal pensamento teve sua continuidade em estudiosos que valorizaram o NT e desprezaram o AT, tratando este como dispensável ou não cristão. Do outro lado, alguns supervalorizaram o AT por enfatizarem um tema específico central como o “reino de Deus” ou visualizaram questões tratadas no AT que não se encontram no NT.

Hasel propõe padrões de unidade entre os Testamentos. O primeiro é a “conexão histórica”, já que ambos relatam a história contínua do povo de Deus e deste agindo de forma redentora. Há a “dependência escritural” em que o NT cita o AT como fundamento. Também, o “vocabulário” em que palavras chaves gregas do NT têm sua origem em palavras hebraicas desenvolvidas no AT.
Dentre outras idéias, a de promessa-cumprimento evidencia um relacionamento inerente entre os testamentos. Igualmente, a orientação para o futuro, em que o NT preenche lacunas do AT e, ainda, lança o olhar mais para frente, na plenitude do fim dos tempos.

CAPÍTULO 5: PROPOSTAS BÁSICAS PARA UMA TEOLOGIA DO NT

Por fim, Hasel lança propostas básicas para uma teologia do NT. Defende a teologia do NT como parte da TB e, por isso, deve ser vista como disciplina histórico-teológica, trabalhando ao lado da exegese e se submetendo à experiência da fé proclamada pelos autores bíblicos. Propõe o estudo de livros e blocos de escritos, separadamente, e, então, a percepção das ligações bem como as diferenças entre eles. Dentro disso, deve-se buscar mostrar a unidade da teologia do NT, destacando temas e conceitos longitudinais nos livros e as relações intrínsecas dos escritos do NT, analisando o todo, não um grupo de escritos escolhidos arbitrariamente.

Finalmente, por ser teologia do NT, ela está inserida no contexto maior do cânon bíblico e deve ser estudado em seu relacionamento básico de unidade com o AT.

Um comentário:

Alessandro disse...

Ola Tiago,

Estava procurando o livro de Hasel (Teologia do NT) para comprar e encontrei o seu blog.

Meus parabéns pelo seu blog e pela benção que você é para o Reino de Deus. Se possível visite o meu blog também. Seria uma grande hora para mim. http://alessandromb1.wordpress.com/

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