quarta-feira, 23 de julho de 2008


A GRAÇA DE DEUS
Parte 1

INTRODUÇÃO

A graça é exaltada pelos estudiosos cristãos como uma atividade pessoal de Deus em amor ao homem. As palavras cháris e agápe são consideradas como uso especificamente cristão, desconhecidas na ética e filosofia greco-romana, expressando uma espontânea bondade autodeterminada de Deus na direção de pecadores indignos.

Ao longo da história da igreja, a graça sempre teve seus defensores: Paulo contra os judaizantes, Agostinho contra Pelágio, os reformadores contra a teologia medieval católica, e assim por diante. Paulo podia dizer: “Pela graça de Deus sou o que sou” (1 Co 15.10), e “não rejeito/anulo a graça de Deus; pois se a justiça vem pela Lei, Cristo morreu inutilmente!” (Gl 2.21).

A prática cristã, todavia, demonstra uma apatia e indiferença para com a graça de Deus. Se você comenta sobre o último jogo de futebol, ou sobre os estudos e projetos no trabalho, sobre os programas da igreja, as pessoas demonstram um entusiasmo em falar disso. Mas, experimente propor uma reflexão sobre a graça numa conversa comum e, logo, perceberá que pouco as pessoas têm a pensar sobre isso e nenhum entusiasmo parece haver. Qual o motivo dessa total falta de consideração para com a sublime graça de Deus?

A FALTA DA GRAÇA EM NOSSO MUNDO

Algumas questões básicas esquecidas poderiam ser apresentadas para explicar a falta de significado da graça de Deus na vida dos crentes modernos:

1 – A Falta de Merecimento do Homem e A Justiça Retributiva de Deus

Os homens, hoje em dia, tendem a ter um conceito alto a respeito de si mesmos. Pensam que são bons, e têm dificuldade em levar a sério o fato de que há algo errado consigo. Geralmente, o mundo material tende a tomar mais importância que o moral e, assim, as pessoas se contentam em cultivar pequenas virtudes, achando que isso é suficiente para cobrir seus grandes defeitos e vícios. Esses últimos são tidos como comuns a todos os homens.

Por outro lado, o homem cria um deus a sua própria imagem que é complacente com os pecados humanos. Consciente de seus próprios erros, o homem passa admitir as barbáries da vida como algo normal, já que ele mesmo se habituou a dar corda solta a seus pecados. Critica-se aqueles que querem estabelecer um moral séria para sua própria vida, entendendo que não há princípios e conseqüências fixas diante das escolhas dos homens. Não enxergam a Deus como aquele que é “tão puro de olhos que não podes ver o mal” (Hc 1.13) e como o Juiz “que não deixa o pecado sem punição” (Nm 14.18). Portanto, não se vêem merecedores do justo castigo divino.

2 – A Impotência Espiritual do Homem e a Liberdade Soberana de Deus

O livro “Como ganhar amigos e influenciar pessoas” de Dale Carnegie é quase uma Bíblia moderna que ensina como colocar uma pessoa numa posição em que ela não consiga dizer não. Algo muito parecido os homens buscam fazer com Deus. Os pagãos de antigamente pensavam que alcançariam algum favor de Deus, ao oferecer presentes e sacrifícios; os pagãos modernos buscam fazer isso por meio da moralidade ou das atividades eclesiásticas. Crêem que Deus se torna escravo de nossas boas ações. Esquecem-se do que disse Toplady:

Não são as obras de minhas mãos
Que podem cumprir as demandas de Tua lei.
Ainda que meu céu não conhecesse descanso,
Ainda que as minhas lágrimas corressem interminavelmente,
Nada disso poderia expiar meu pecado,
Tu tens que me salvar, somente Tu.

Romanos 3.20 dá o veredicto de que nenhum ser humano será justificado diante Deus pelas obras da lei.

Deus é completamente livre, em nada depende de suas criaturas (Sl 50.8-13; At 17.25). Apenas Deus desfruta de tal liberdade. Nenhum ser humano, jamais experimentou a total liberdade de Deus. Assim, a salvação “não depende do desejo ou esforço humano, mas da misericórdia de Deus” (Rm 9.16). Por isso, Ele diz: “Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão” (Rm 9.15). Se somos salvos é simplesmente pela decisão graciosa de Deus.

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