domingo, 1 de fevereiro de 2009

O MILAGRE DO REINO E SEU VALOR IMENSURÁVEL - Parte 2

Marcos 10.23-31

AS PEQUENAS PERDAS EM FAVOR DO REINO RESULTAM EM BÊNÇÃOS PLENAS E IMENSURÁVEIS – vv. 28-31

Mas a graça não nos deixa paralisados. Diante daquilo que é impossível aos olhos humanos, mais uma vez, Pedro se manifesta. “Veja!”, algo ocorreu, os discípulos foram alvo da ação de Deus, a ponto de deixar tudo para seguir a Cristo. Sem dúvida, o comentário de Pedro foi fruto de autocomiseração. Mateus relata o que ele continuou a dizer: “o que será de nós?” (Mt 19.27). Jesus repreende este gesto mesquinho de Pedro mostrando o imenso valor da participação no reino de Deus.

O Mestre cita a perda de pessoas queridas da família e posses ou do lar por amor a Cristo, ao chamado dele para seguí-lo como Mestre e Senhor, e pela sua causa, as boas novas do reino de Deus. Qualquer uma dessas perdas, sem dúvida, significativa para nós, não pode se comparar com a recompensa que recebem os que abraçam o Reino com toda disposição. Uma nova família (cf. Mc 3.31-35) e novos lares (cf. Mc 6.10) são certos e com muito maior profundidade de significado. As perseguições não estão fora dessas recompensas, mas fazem parte do seguir ao Mestre (Mc 8.27-38). Há algo muito grande depois esperando os discípulos na era que está para vir, a vida eterna debaixo do reino de Deus, experimentando a bênção da humanidade perfeita, sem pecado e destruição.

Assim, os grandes não serão os primeiros e maiores deste mundo, mas os últimos, aqueles que entendem que nada são e se dispõem a perder tudo por amor a Cristo e ao reino de Deus.

O que você está disposto a perder por amor a Cristo? Seu discipulado possui limites? Quem você ama mais? Se Deus tirasse hoje de sua vida a sua família ou amigos, ainda assim você continuaria a seguir Jesus e viver para o seu reino?

Há algo que o impede de seguir a Jesus totalmente? Seu desejo por sucesso profissional e escolar o(a) impede de investir tempo a sós com o mestre e cultivar seu relacionamento com a nova família que possui em Cristo? Sua ganância por realizar sonhos e projetos consome seus pensamentos mais do que o desejo de levar vidas a participarem do reino de Deus? Você gosta tanto de seu dinheiro e se preocupa em usá-lo para satisfazer seus interesses que não sobra nada para investir no sustento da comunidade do reino e na proclamação dele?

A eternidade é o que importa quando se pensa naquilo que possui real valor. Onde está seu foco? Que alvo dirige sua caminhada? A sua dependência e busca é egoísta ou se volta para Deus? O que você considera perda ou ganho?

7 comentários:

Anônimo disse...

Irmão Tiago Abdalla,

Estou estudando o significado das palavras gregas teknon e huios, ambas traduzidas em português por "filhos" - porém traduzidas como "children" e "sons", respectivamente, em inglês. Como quase não há bom material em português na internet, passei a ler conteúdo em inglês, e encontrei um texto interessante, que resolvi traduzir e postar no meu blog. Entretanto, como ainda estou começando a pesquisar o significado dessas palavras, não sei até que ponto as informações do texto são verdadeiras. O intuito de postá-lo em meu blog é justamente expor o tal texto ao crivo de pessoas com mais conhecimento, a fim de que possamos obter maior clareza sobre o significado dessas palavras gregas.

Por isso, convido-o a ler o texto em meu blog e, se possível, comentar. Adendos e críticas serão imensamente bem-vindos!

O link do texto é o que segue: http://marcados.wordpress.com/2009/02/04/alimento-solido-criancas-filhos-e-adocao-nossa-filiacao-celestial/

Graça e paz!
Em Cristo,
Vinícius

Tiago Abdalla disse...

Oi Vinícius,

Agradeço sua confiança em compartilhar esta dúvida e convite para conhecer e participar de seu blog.

Eu dei uma olhada nos artigos que estão no seu blog sobre a distinção entre teknon e huios e vi, também, o link que você remete.

Essa idéia proposta pelo Don Walker (não conheço este autor)de que o pai adotava seu próprio filho natural me parece estranha, pensando no contexto neo-testamentário.

Há, realmente, uma distinção dos termos. Ainda que teknon se refira a uma criança (geralmente), não significa que para se tornar herdeiro como huios (de fato, esta palavra tem um aspecto legal), ela necessite ser adotada.

Um dos artigos, o autor trabalha com a etimologia da palavra huiothesia. Apesar de ser a junção de duas palavras gregas huios (substantivo)+títhemi(verbo) - "pôr", "colocar", não requer que o filho natural passe por tal processo de adoção. O contrário é verdadeiro, todo filho adotado, era feito herdeiro, desde que se adotava uma criança, especialmente com tal intenção.

O perigo naquele artigo é levar a etimologia da palavra até suas últimas conseqüências, conferindo significados que ela não possui. Todos nós usamos o verbo "embarcar", por exemplo, para entrarmos num avião, mesmo que a palavra em sua etimologia signifique "entrar num barco". Isso não indica que o avião seja parecido com um barco ou que ele também deslize sobre a água. Percebe a questão? As palavras recebem sentidos e nuances no transcorrer do tempo.

Eu indicaria uma ótima ferramenta de pesquisa nesse sentido: o "Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento" publicado pela editora Vida Nova. Ali você encontrará artigos de estudiosos, discutindo as diferenças entre as palavras. No final do volume 2 (última edição), há um índice com as palavras gregas e as páginas em que são comentadas. Vale a pena dar uma invetigada lá.

Outro livro interessante é o "Panorama do Novo Testamento" do Robert Gundry, em que você encontrará observações sobre o contexto familiar na época do NT.

Espero tê-lo ajudado. Vamos mantendo o contato.

Deus o abençõe!

Tiago

Anônimo disse...

Manu....sua foto ta muito escura, podia trocar, que tal?

Muito bom os textos...to acompanhando ein....

Deus continue te abençoando qrido!

Anônimo disse...

Irmão Tiago,

Postei um outro comentário aqui, não sei se foi recebido.

Eu respondi lá no blog ao seu comentário, colocando mais algumas dúvidas para tentarmos obter luz sobre a distinção entre tknon e huios.

Se puder, dá uma passada lá! "Teknon, huios e huiothesia"

Graça e paz!

Tiago Abdalla disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tiago Abdalla disse...

Oi Vinicius,

talvez faltou a observação de que ainda que o termo menor (nepios) apareça tanto no verso 1 quanto no 3 de Gl 4, o substantivo escravo (doûlos - v. 1) e seu verbo correspondente escravizados (douloo - v. 3), também se repetem. Pois para Paulo ambos não possuem qualquer privilégio.

Todavia, quando diz no verso 5 que fomos adotados (huiothesia) por Deus, esse termo está ligado com o verbo resgatar (exagorazo), usado para inidicar a libertação de um escravo, não a emancipação de um filho menor de idade.

Por isso, Paulo conclui no verso 7 que já não somos escravos, mas filhos.

Na semana em que você me enviou o seu comentário, eu estava num módulo de mestrado com um dos meus professores que é Ph.D nessa área de NT. Comentei com ele sobre a sua questão, e ele concordou com aquilo que eu postei no seu blog de que huiothesia não se relaciona com o filho menor de idade, mas sim, com alguém de fora da família que é adotado para ser herdeiro.

Essa distinção que você está tentando fazer em Rm 8.14 e 16 parece ser artificial e forçada. Você está levando um conceito para dentro do texto e buscando usar o texto para sustentar sua posição.

Uma vez mais, sugiro obras teológicas reconhecidas e de cunho exegético. Nem tudo o que se acha na internet é confiável e reflete uma pesquisa séria.

Que Deus o abençõe!

Em Cristo,

Tiago Abdalla

Anônimo disse...

Olá Tiago!

Conversei com outras pessoas que concordaram inteiramente com você de que jamais haviam ouvido essa idéia de que huitohesia se relacionasse com o filho menor. Também acharam uma idéia estranha e duvidaram da possibilidade de que Paulo estivesse dizendo tal coisa.

Como eu disse, traduzi o estudo porque tenho interesse no tema e o achei interessante, mas não tinha certeza de que havia fundamento teológico nele. Depois dos seus comentários e de minhas conversas fora da web, parece que não havia.

Já com relação à diferença entre Rm 8.14 e 16, na verdade eu não a inventei. Ouvi dela em uma pregação de um servo de Deus que tem séria devoção pelo estudo das Escrituras. Mas, justamente porque achei o conceito estranho, resolvi pesquisar sobre ele e acabei encontrando este texto. A questão que me inquieta é justamente que as traduções inglesas distinguem os dois termos, huios e teknon, e tal distinção leva exatamente a uma conclusão semelhante à que eu escrevi no último comentário: que apenas aqueles “guiados pelo Espírito” podem ser chamados “sons” e não meramente “children”.

Algumas listas de discussão sérias argumentam que a palavra “teknon” carrega uma maior ênfase no cuidado amoroso de um pai pelo filho pequeno, sendo por isso preferida pelo apóstolo João, ao passo que “huios” refere-se mais ao partilhar de uma mesma natureza entre o pai e o filho, sendo por isso o vocábulo mais utilizado por Paulo. Talvez esta seja uma posição “intermediária” entre a distinção que eu propus, que você considerou forçada e artificial, e a indistinção completa entre os termos.

Reconheço que a distinção proposta entre Rm 8.14 e 16 ainda não me convenceu. Todavia, sou ainda mais relutante em aceitar que Paulo usaria os dois vocábulos juntos de forma absolutamente indistinta. Se eu não faria isso, imagine ele!

Com relação às obras indicadas, o “Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento” está na minha lista de próximas compras. O único problema é que o preço é salgado demais para um mero estudante universitário. rsrsrs

Agradeço a sua participação aqui, temos sido imensamente edificados por ela!

Em Cristo,
Vinícius

(comentário postado lá no blog Marcados para Impactar, em "Teknon, huios e huithesia"

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