domingo, 9 de agosto de 2009


O PEDIDO DE SOCORRO DE UM PAI DESESPERADO

Marcos 5.21-24

Certo dia, estava conversando com uma pessoa que havia perdido seu pai. Ela me dissera a respeito da dor que isto lhe causara e como sentia falta da presença dele. No meio de nossa conversa, fez uma ponderação interessante: “É duro perder um pai, mas muito pior, deve ser o pai ver o seu filho morrer antes dele”. Isso é verdade e, tristemente, nos deparamos com situações assim.

No ano passado, fomos informados da triste história de duas crianças que foram violentadas e mortas por um assassino aqui na serra da Cantareira. Sem dúvida alguma, isso afetou e machucou profunda e imensuravelmente, o coração e a vida de seus pais.

Essa dor foi sentida, também, por um homem que estava prestes a perder sua filha. Jesus amou esse pai e essa menina e foi de encontro ao sofrimento deles. Em Marcos 5.21-24 veremos dois belos diamantes extraídos dessa situação triste.

A CONFIANÇA EM JESUS PRODUZIDA EM MEIO AO SOFRIMENTO – vv. 21-23

O primeiro belo diamante que extraímos do texto é a dependência de Jesus produzida em meio ao sofrimento de nossas vidas. Após libertar o endemoninhado da região de Gadara, Jesus volta com seus discípulos para a Galiléia, provavelmente, para Cafarnaum, a mesma região de onde partira em sua viagem de barco (4.35-36). Ao contrário do que acontecera em Gadara, onde as pessoas pediram para que Jesus saísse dali (5.17), aqui, uma multidão se reúne ao redor de Jesus, mal chegara de sua viagem (v. 21).

Na cena em que vemos Jesus cercado pela multidão, entra um homem desesperado. O texto nos informa seu nome de origem hebraica, Jairo, “Ele ilumina” ou “o iluminado”. No texto, Jairo não parece nada iluminado. Ele era um dos líderes da(s) sinagoga(s) de Cafarnaum. Quem sabe viu Jesus libertar o endemoninhado quando estava pregando no sábado (1.21-27) ou curar o homem da mão atrofiada (3.1-6).

O fato é que Jairo, como um dos dirigentes da sinagoga, provavelmente, fazia parte do partido dos fariseus que, cada vez mais, era contrário a Jesus e pensava até em matá-lo (ver 2.16, 23-24; 3.2, 6). Assim, provavelmente, Jairo, a princípio, também, não gostasse muito daquele homem que confrontava a tradição judaica e a liderança religiosa de sua época. Porém, algo aconteceu na vida daquele homem, de modo que ele não se limitou a demonstrar uma simpatia tímida por Jesus, mas, de modo humilde e reverente, se prostrou diante de Jesus e clamava insistentemente por sua ajuda.

Quando continuamos a ler o texto, vemos que há algo de errado na vida deste homem. Sua filhinha (12 anos de idade – v. 42) estava morrendo. Não sabemos, exatamente, o que ocorria, mas sabemos que ela estava em estado terminal. E essa situação de sofrimento, levou o homem a derramar sua última esperança em Jesus. Naquela situação de crise, apenas Jesus poderia curá-la e restaurar a sua vida, como fizera com muitos outros doentes da cidade que ele conhecia. O sofrimento contribui para que os nossos olhos se voltem para Jesus e nos ajoelhemos em dependência exclusiva dele.

Assim ocorreu com o apóstolo Paulo, quando passava pelo sofrimento. Deus permitiu o sofrimento na vida dele, a fim de que não se gloriasse em si mesmo, mas fosse constante em depender da graça de Deus em sua vida (2 Co 12.7-10). Foi em meio ao sofrimento da perseguição de Saul e, depois, de seu próprio filho Absalão que o caráter de Davi foi forjado para aprender a ser completamente dependente de Deus. Quantos salmos possuímos de Davi em meio a essas situações, em que ele demonstra clara dependência, ainda que falha, do cuidado e amor de Deus!

Pessoas podem ter duas reações frente ao sofrimento: ou se aproximam mais, em dependência de Deus ou se afastam mais dEle. Quando Deus permitiu que seu povo passasse pelo deserto no livro de Êxodo queria ensiná-los a serem dependentes dEle e provar o que havia em seu coração. Em meio a este sofrimento, o povo se afastou de Deus e se rebelou contra Ele, a ponto de uma geração inteira morrer sem entrar na terra que Deus havia prometido para o povo de Israel.

Qual tem sido a sua atitude em meio ao sofrimento. No sofrimento você se aproxima mais de Deus, ou apenas reclama e murmura pelo seu revés? Você corre para Jesus e coloca seus problemas diante dEle ou vomita com amargura a sua tristeza no ouvido de outras pessoas? Quando as pessoas se opõem a você no trabalho, você se vê como o pobre coitado e mergulha na autocomiseração, ou vê nisso uma oportunidade para se tornar mais íntimo e dependente de Cristo ao enfrentar tais dificuldades?

Diante de dificuldades de saúde você mergulha num mar de desespero e preocupação ou lança as suas ansiedades sobre aquele que tem cuidado de você? Quando seus projetos são frustrados, você se vê frustrado por ter sido vencido pela maldade humana, ou entende o mal desferido por outros como parte do propósito bondoso de Deus em sua vida?

Não é pecado chorarmos no sofrimento e o pai da história de Marcos fez isso. Mas, o nosso choro deve nos levar para aquEle que é o único capaz de enxugar, verdadeiramente, todas as nossas lágrimas (Ap 7.17; 21.4). É muito importante nos acercarmos de irmãos em Cristo que orem conosco e nos ajudem a buscarmos em Cristo a sabedoria para lidar com as adversidades (Tg 5.13-18). Mas sempre nosso olhar será direcionado para Ele como o Senhor Bondoso, Soberano e Suficiente.

A COMPANHIA DE JESUS DEMONSTRADA EM MEIO AO SOFRIMENTO – v. 24

O texto continua nos informando que Jesus não se limitou a ouvir a súplica daquele homem. Nem aproveitou a situação para se vingar da liderança judaica que se opunha a Ele: “Vocês têm buscado o mal contra mim, não é? Por que você vem pedir minha ajuda, agora?”. Jesus não age assim, mas age com compaixão. Na atitude de Jesus, encontramos o diamante da companhia de Jesus em nosso sofrimento. A sua compaixão está sempre presente em sua atitude para com os homens, até quando Ele é duro e os repreende. A compaixão de Jesus no texto fica evidente quando Marcos nos informa: “Jesus foi com ele”.

O nosso Senhor se identificou com a tristeza daquele homem, na perda de sua única filha (Lc 8.42). Não apenas lamentou e deu um tapinha nas costas, mas foi com ele até a sua casa. A presença daquela multidão dificultava o andar rápido e, provavelmente, aumentava a tensão do líder da sinagoga quanto à situação da filha. Mas em meio a tudo isso, ele podia contar com a presença interessada e ativa de Jesus.

O Novo Testamento mostra o interesse de Jesus na vida de Seu povo. O final do evangelho de Mateus garante a presença de Jesus com Sua igreja até a consumação dos séculos (Mt 28.20).

O livro de Apocalipse foi escrito para lembrar às igrejas perseguidas da Ásia que o Senhor Jesus é Soberano e ativo na história humana que se interessa pelo sofrimento de Seu povo. Ainda que o mal pareça vencer e tomar o controle, o Senhor Jesus está acima de tudo isso e determina os rumos dos acontecimentos, a fim de que Seu poder e glória sejam demonstrados e a justiça executada em favor de seus eleitos (Ap 6.9-11; 15.3-4; 16.5-7; 19.1-21).

Você crê na presença de Jesus em meio ao seu sofrimento e no interesse ativo dEle pela sua história? Você crê que ainda que o sofrimento exista e ocorram injustiças contra sua vida, o Senhor Jesus está soberanamente sobre estas circunstâncias e há de pôr fim a elas no final da história?

Saiba que Ele se importa com você e não se limita a uma atitude fria e distante. Quer consolá-lo e fortalecê-lo em meio ao sofrimento. Talvez, possa até libertá-lo do sofrimento conforme o Seu bom propósito soberano, mas fazendo isso ou não, sempre estará presente em nossas vidas, nos ajudando a enfrentar a dor e garantido que no final, já não haverá mais choro (Ap 7.17; 21.4)!

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