domingo, 20 de janeiro de 2008

A GLÓRIA REVELADA AOS CEGOS
Marcos 6.45-52



INTRODUÇÃO
Conta-se a história de um jovem que fora visitar uma senhora de bastante idade, em seu bairro. O dia estava lindo, um céu azul, o sol raiando com todo o seu resplendor, as nuvens como flocos de neves, formando belas paisagens. Ao chegar na casa da mulher, o rapaz a viu sentada na varanda de sua casa. Como era a primeira vez que se encontravam, ele não sabia bem como entabular a conversa, então, após dizer “Oi!”, perguntou:

“A senhora não acha que está muito lindo o dia, hoje?”.

“Deve estar muito lindo, mesmo, meu filho, pena que sou cega e não posso enxergar como você”.

Apesar daquele dia maravilhoso, a cegueira da senhora a impedia de contemplar a glória do céu límpido e brilhante. Creio que há uma analogia muito forte com o incidente ocorrido em Marcos 6.45-52, em que a cegueira e insensibilidade dos doze discípulos, os impediu de contemplar a grandeza da revelação de Jesus, que se manifestava diante de seus próprios olhos.


DEUS REVELA SUA GLÓRIA A NÓS POR MEIO DE CRISTO

Após alimentar a multidão no deserto, Jesus apressa seus discípulos para entrarem no barco, em direção a Betsaida, a fim de o encontrarem lá, depois. Enquanto eles faziam esta viagem, Jesus despediria a multidão. Talvez, o motivo de Jesus “forçar” ou “pressionar” a que partissem logo dali, foi a situação descrita em João 6.14-15, na qual o povo queria fazer de Jesus rei, com uma perspectiva apenas sócio-política dele como Messias, não compreendendo sua missão espiritual que a precedia. Certamente, temos as réplicas modernas desse tipo de pensamento ao nosso redor.

Conseguindo se livrar das intenções precipitadas do povo, Jesus se retira para orar. São poucas as vezes que Marcos relata Jesus orando. Geralmente, esses momentos envolvem situações importantes em seu ministério. Na primeira ocasião, vimos Jesus orando após curar muitas pessoas em Cafarnaum, e no lugar de permanecer ali para satisfazer o afã do povo, decide se retirar para as cidades vizinhas, a fim de pregar o reino de Deus, já que este era o propósito principal de sua missão (Mc 1.35-39). O outro momento em que encontramos o Mestre em oração é no Getsêmani, pouco antes de ser preso, e ali se entrega para realizar a vontade do Pai, apesar do alto custo disso.

Aqui, não é diferente, depois de passar pela pressão e tentação satânica de tomar o poder do reino de Israel, sem passar pela cruz, Jesus investe tempo com o Pai, aquEle que o enviara para Sua missão.

Não posso deixar de destacar a importância que Jesus deu à oração em momentos de crise no seu ministério. Momentos em que os homens, carentes da visão de Deus, queriam desviar Jesus de Seu propósito. Ele passa tempo com o Pai, mesmo sendo Deus. Há um princípio didático aqui. Se queremos ter nosso ministério em alinhamento com aquilo que é a missão de Deus para nós, não podemos deixar de passar tempo com o Pai. A oração nos torna dependentes de Deus e nos instiga a fome por conhecê-lo e obedecê-lo. Quando nos preocupamos com tantas outras coisas e deixamos de buscar a Deus em oração, somos consumidos pelas exigências da tirania do urgente, em lugar de sermos dirigidos pela vontade do Pai.

A nossa preocupação está na prova da faculdade, no compromisso do serviço, em pagar as várias contas que temos, sair com os amigos, assistir o jogo de futebol, e acabamos por deixar de focar naquilo que deve orientar todas as nossas atividades, Deus e Sua vontade. Não evangelizamos mais, deixamos de nos importar genuinamente com aqueles que precisam da nossa atenção e amor, somos descompromissados com nossos compromissos na igreja local, porque a missão de Deus para nós perdeu lugar para aquilo que as pessoas e a correria dizem ser prioritário.

A noite vem, e os discípulos remam com muita dificuldade, devido ao vendaval no mar da Galiléia. Jesus está consciente da dificuldade dos discípulos e, várias horas depois, caminha sobre o mar na direção deles. Algo inacreditável! Assim como Jesus estava “sobre a terra” (lit. epi tēs gēs – v. 47), agora está “sobre o mar” (epi tēs thalássēs – v. 48). Jesus anda por onde apenas Deus pode caminhar (Jó 9.8; cf. Sl 77.19) e deseja passar pelos discípulos, assim como Deus passou perante Moisés e Elias revelando a Sua glória (Êx 33.19, 22; 1 Rs 19.11).Além de tudo isso, Jesus usa para si a expressão ego eimí, Eu Sou, ao tranqüilizar os discípulos, a mesma que Deus usou em Êx 3.14 ao se revelar a Moisés na sarça e que, freqüentemente, aparece no evangelho de João, com o propósito de revelar a natureza divina de Jesus. Se não bastasse todas essas demonstrações do auto-desvendamento do Deus-homem, o texto nos informa que quando Jesus entrou no barco, o vento se aquietou.

Não podemos nos esquecer, também, da revelação que recebemos de Deus por meio de Jesus Cristo. Todo aquele que vê o Filho, vê o Pai. Se queremos conhecer a Deus profundamente, precisamos nos aprofundar na revelação da Escrituras, porque elas que testificam de Cristo e Cristo nos torna conhecido o Pai. Nenhum crente irá crescer no conhecimento de Deus, se não investir tempo conhecendo o Cristo revelado nas Escrituras. Ler a Bíblia não ocupa um papel secundário em nosso dia, mas é essencial para conhecermos o Deus que nos ama.

A INSENSIBILIDADE ESPIRITUAL NOS IMPEDE DE CONTEMPLAR A GLÓRIA DE DEUS

Quanta demonstração da glória de Deus! Mas, também, quanta incredulidade humana. Os discípulos, com a alma insensível para a realidade da Pessoa de Jesus, gritam pensando que Ele é um fantasma, e ficam atônitos e maravilhados ao descobrirem que era Jesus quem andava por sobre as águas e, também, por verem Seu poder na calmaria que se fez. A razão de tudo isso era a dureza de seus corações para compreender a glória de Cristo evidenciada na multiplicação dos pães e, do mesmo modo, no seu caminhar por sobre as águas.

Provavelmente, por isso que Jesus precisou mandar seus discípulos para longe do povo, a fim de que não se fascinassem com a proposta de nomear Jesus como libertador político (Jo 16.14-15). Jesus é muito mais do que um grande libertador, Ele é o próprio Deus que se faz conhecido a nós na encarnação.

Em muitos momentos não somos diferentes dos discípulos em sua insensibilidade espiritual diante de Cristo. Olhamos para Jesus como um adesivo que colocamos atrás do carro ou como parte da mensagem que escrevemos ne frente de nosso nome no MSN, mas esquecemos de olhar para Cristo como o Deus Todo-Poderoso, que se revela a nós e deseja ser o Senhor de nossas vidas.

Nossas preocupações com aproveitar a vida e realizar nossos projetos e sonhos deixam Jesus de lado, nossas vidas já não são mais cristocêntricas, mas sim, egocêntricas. Estamos absorvidos por tantos anseios e pecados que fechamos nossos olhos para enxergar o Cristo revelado nas Escrituras.

É hora de refletir sobre aquilo que nos impede de ver a glória de Cristo clara e majestosamente manifestada nas Escrituras. Que anseios e preocupações tomam conta de nossos corações quando paramos para ler a Bíblia? Que atividades secundárias roubam o tempo da nossa devocional? Que pecados escondidos e guardados em nossa alma esfriam nosso desejo de nos encontrarmos com nosso Salvador?

Mantenhamos o nosso coração aquecido com a liberdade da ação do Espírito Santo em nossas vidas para contemplarmos, diariamente, a glória do nosso “grande Deus e Salvador, Jesus Cristo” (Tt 2.13).

Um comentário:

Anônimo disse...

Estimado em Cristo, obrigado por deixar Deus te usar nessa mensagem...que O Altíssimo continue a usar-lhe em sua obra. Um abraço. Rodrigo Cardoso.

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