domingo, 25 de maio de 2008

COMPREENDENDO A IDENTIDADE DO CRISTO SOFREDOR - Parte 2

A CONFISSÃO CORRETA SOBRE A IDENTIDADE DE JESUS
Marcos 8.27-30

Marcos faz um link interessante com a palavra “aldeia” no grego. Enquanto o cego no verso 26 não deveria ir para a aldeia, Jesus e seus discípulos vão para as aldeias (v. 27), de um local mais ao norte de Betsaida, em Cesaréia de Filipe, a capital da região. Durante o caminho, Jesus lança uma pergunta aos doze: “Quem as pessoas dizem ser o Filho do Homem?”. Os discípulos apresentam várias perspectivas de opinião popular acerca de Jesus, algo bem parecido do que já havia sido apresentado em 6.14-16.

Para as pessoas Jesus era um grande profeta como Elias, ou quiçá agisse pelo poder de João Batista. Alguns, não iam muito longe e pensavam ser ele simplesmente mais um dos profetas. Até aqui os discípulos não haviam se arriscado a opinar, apenas perguntaram: “Quem é este que até o vento e o mar lhe submetem?” (4.41), mas não passaram disso. Ao contrário, seus corações e mentes estavam duros e insensíveis para perceber a grandeza da Pessoa de Jesus (6.51-52; 8.17-21).

Com um humeis (vocês) enfático, Jesus pede a resposta dos discípulos para essa questão. Isso distingue os discípulos do grupo maior da multidão. Pedro assume a frente deles, como será natural daqui em diante. Ele responde: “Tu és o Cristo”. O texto paralelo de Mateus acrescenta “O Filho do Deus Vivo” (Mt 16.16). Claro que a identidade de Messias de Jesus subtendia Sua divindade (Mc 14.61-63), e Pedro superou a si mesmo ao reconhecer Jesus como o Cristo, o Messias, o Filho de Deus. Na verdade, só foi capaz disso pela revelação dada por Deus (Mt 16.17). Ele começou a abrir os olhos dos discípulos cegos. Não apenas o cego passou a enxergar as pessoas, mas os discípulos passam a entender quem é a Pessoa de Jesus. Todavia, os versículos a seguir mostrarão que a visão dos discípulos é ainda parcial e limitada. A revelação de Deus começou a operar na cegueira dos discípulos, só não podemos esquecer que a restauração ocorrerá em partes, não instantaneamente.

Quem é Jesus para nós? O mundo contemporâneo tem pintado vários retratos a respeito de Jesus. Para alguns Jesus tem um jeito efeminado e vulnerável, seu adjetivo marcante é a compaixão. Ele se interessa pelas pessoas, mas é tão fraco que não pode fazer muita coisa por elas ou lhes exigir que se coloquem debaixo de seu senhorio.

No mundo neo-pentecostal Jesus é um milagreiro, aquele que realiza grandes milagres no show da fé, alguém cujo poder místico atrai fiéis, mas não opera transformação em seu caráter e um desejo intenso de viver em conformidade com a santidade de Deus. Jesus é muito mais o curandeiro dos caroços, ou o mágico que concede BMW e casas próprias.

Já outros demitizaram Jesus. Foi um grande homem com um bom número de seguidores, mas seus milagres e poder são fruto da imaginação da igreja primitiva. Assim, olham para Jesus a partir da modernidade e descobrem nEle um exemplo de moralidade.

Se, realmente, queremos olhar para Jesus com a lente correta precisamos compreendê-lo a partir dessa confissão de Pedro. Ao afirmarmos e crermos em Jesus como o Cristo, o Ungido, reconhecemos que Ele é o Filho de Deus, o que implica em sua divindade, como ficou nítido em seu julgamento perante as autoridades judaicas no final do evangelho, quando é condenado por blasfêmia (14.61-64). Ali, também, encontramos a chave para o sentido de Cristo que remonta ao Antigo Testamento, no livro de Daniel.

Em Marcos 14.62 vemos uma alusão a Daniel 7.13, 14 que diz: “Em minha visão à noite, vi alguém semelhante a um filho de homem, vindo com as nuvens dos céus. Ele se aproximou do ancião e foi conduzido à sua presença. Ele recebeu autoridade, glória e o reino; todos os povos, nações e homens de todas as línguas o adoraram. Seu domínio é um domínio eterno que não acabará, e seu reino jamais será destruído”. Assim, Jesus é o Filho do Homem, um título cristológico de Daniel e que o próprio Cristo assume em Marcos 8.31. Por ser o Filho do homem ele é tanto humano, como requer o termo, mas ao mesmo tempo é Deus, pois é digno da adoração de todos, bem como reina sobre todos.

Na contrução de uma visão exata de Jesus, passamos a reconhecê-lo como o nosso Deus, o único digno de nossa adoração, a quem devemos toda nossa obediência e devoção em todas as áreas e momentos de nossas vidas.

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